Nicolau, de Neanderthal @ Digital


por Guto Maia
Eu não falava português quando nasci. Aliás, nem falava. Tivesse eu nascido na China, nesse dia, aprenderia chinês. Tivesse nascido cachorro, aprenderia cachorrês. Tivesse nascido surdo, não falaria. Ainda assim, poderia viajar para qualquer canto do mundo, e me faria entender, até por cachorros de outras regiões que, óbvio, falam outro chachorrês. Sempre haverá comunicação entre seres vivos. Mesmo um ermitão se comunica com outros seres de outras espécies menos solitárias e menos estúpidas, talvez. Há quem acredita até, que os vivos se comunicam com os mortos! A internet elevou essa comunicação (de vivos com vivos!) a potências infinitesimais e inimagináveis. Quando nem havia internet, alguém já gritava: “Quem não se comunica, se estrumbica!” Somos um bando de “chacrinhas” na internet. Escrevemos meta-textos, falamos por tags, apertamos play, iconizamos tudo. Quando olho >>>, já sei pra onde ir. Estou na Era da Googlelização. Wikipediamos qualquer dúvida. Existirá ainda alguma pergunta sem resposta? Não a mais confiável, é certo, mas resposta haverá. Vivemos no futuro, portanto, nem nascemos ainda. Julio Verne sentiria inveja. Eu como tecnologia, eu viro tecnologia. Há seis meses, eu era um excluído digital. Hoje, quando clico um link, ciclo, posso não saber o que vou encontrar, mas sei que estou indo para um caminho sem volta.

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