PROPOSTA PELO CHORO EM SÃO PAULO

Com base nas pesquisas que fizemos podemos perceber com clareza que o Choro, como exemplo de outros aspectos vários da cultura popular brasileira, não tem visibilidade como deveria nos meios de comunicação.
No caso específico do Choro ele veio perdendo seu espaço desde a primeira metade do século XX. Às vezes reapresenta uma volta à luz do grande público, mas retorna a condição de 'vida subterrânea', ou melhor, para apreciação apenas de uma minoria.
Assim, o que propomos em nosso trabalho, que faz uma análise em perspectiva histórica utilizando-se de bibliografias e documentos vários e também dá espaço para as narrativas pessoais, para a memória pessoal, é que a saída está em enfrentarmos o bloqueio da grande mídia tradicional através de algumas estratégias. A primeira são as ferramentas de internet, via e-mails, blogs, Facebook, Orkut, Twitter e afins. Estes mecanismos, aliás, se demonstraram de certa forma, eficientes em movimentos estudantis e políticos, como alguns analistas recentemente apontam em relação aos eventos políticos no norte da África.
Além da ação da mídia de internet e a chamada 'rede social' nós defendemos um princípio fundamental que é a educação. Somente a educação, seja ela por via privada ou pública, pode levar a uma mudança no 'gosto' e na percepção dos jovens.
O choro precisa atrair a juventude se quiser manter-se. E, portanto, é preciso se ensinar o Choro. Isto em curso de níveis iniciante até o avançado. Neste sentido, os Clubes de Choro são espaços interessantes para fazer essa tarefa, embora centros como São Paulo e Rio não tenham as referidas entidades atualmente. Porém, a educação musical pode ser levada adiante por outras associações, caso de iniciativas como a da Escola Portátil, do SESC etc. O importante é criarmos espaços para a prática e audição. Sem contar a formação de público. No caso de se reorganizar o Clube do Choro, este não pode apenas ser um centro ‘museológico’, e sim um centro difusor, de criação, e atuante no papel de também ensinar porque é preciso multiplicar não só os ouvintes/ colecionadores, mas especialmente os praticantes.
Outro ponto que integra nosso conteúdo, como sugestão de saídas para o Choro, é exatamente levar a música brasileira para dentro das escolas públicas/ privadas uma vez que é lei agora a prática musical em instituições de ensino. Isto é fundamental. A educação musical é um elemento importante para melhora do rendimento dos alunos. Musica é estimulante, agrega, socializa e ajuda a criatividade, como muitos estudos indicam. Porém, é também necessário compreendê-la, saber escutar. Assim como apreciar uma obra de arte. Aliás, Europa, Ásia e EUA apresentam música em seus curriculuns escolares.
Nas escolas públicas houve época em que se podia fazer contato com partituras e leitura para flauta doce, além de canto coral. As crianças e jovens podiam, mesmo sendo de classes menos abastadas, ter contato com o mundo da música em seus diversos aspectos. O que compreendemos ser um ‘direito humano’. Além de reafirmar a identidade cultural de nossa gente, questão que foi pensada por Villa-Lobos, Mário de Andrade, Francisco Mignone entre outros. É preciso devolver essa arte ao povo, vítima de intensa aculturação pela indústria cultural.
Assim, repetimos, o Movimento pela valorização do Choro em São Paulo tem, a nosso ver, um árduo, mas belo trabalho de produção, não apenas de discos e gravações, que são muito importantes, contudo, de novos adeptos que pratiquem, que estudem e disseminem a arte da música, a arte do choro, cultura brasileira. Por isso, a união de todos é fundamental.
Esta análise e muito mais está registrada em nosso inédito trabalho "Chorando na Garoa - Memórias Musicais de São Paulo", que já tem ISBN desde o início de 2010, e inclui um belo ensaio fotográfico. Estamos em busca da publicação.
Abraço
Prof. José de Almeida Amaral Júnior e Tânia Maria R. Alvarez de A. Amaral

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