NOTAS QUOTIDIANAS: ECONOMIA, CULTURA E SOCIEDADE.
Por*José de Almeida Amaral Jr
AS VÁRIAS FACES DA TIRANIA
Dias atrás vi, com a Cia. Mungunzá de Teatro dirigida por Nélson Baskerville, baseado no texto quase autobiográfico da romena Aglaja Veteranyi, a peça “Porque a criança cozinha na polenta”. A troupe aborda as memórias de uma garota nascida em uma família circense que vivia no exílio durante o regime ditatorial de Nicolau Ceausescu em plena Guerra Fria. Uma história cruel. E ainda hoje, diga-se, muito comum em vários pontos do planeta: os dramas da migração. Retrata a grande dificuldade experimentada por pessoas que precisaram fugir de sua terra natal para escaparem da opressão e poderem sobreviver. Na Romênia pró-URSS daquele tempo, alguém reclamar de miséria poderia ser punido pela repressão policial. A crença em Deus foi combatida. Havia espaço apenas para o culto à personalidade do déspota e de sua primeira dama. Nas escolas as crianças aprendiam a tecer honras ao governo, desenhando e homenageando seus líderes. Essa era a verdade impingida sobre todos. Por isso os circenses fugiram. Mas, em contrapartida, ao invés do alívio, na prática sofreram outros baques provenientes dos preconceitos étnicos, por serem estrangeiros e pobres em localidades alheias. Inexistência de trabalho decente, fome, humilhações, desagregação familiar, decadência moral. Todo um conjunto de reveses se acumulou no quotidiano daquele grupo em frangalhos, refugiados no Ocidente em busca de liberdade e paz. Esperanças que tragicamente não se concretizaram no dito ‘mundo livre’ da espetacular democracia capitalista.
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*Prof. José de Almeida Amaral Júnior
Professor universitário em Ciências Sociais, Economista, pós-graduado em Sociologia e mestre em Políticas de Educação, Colunista do Jornal Cantareira, Colunista pela Pascom na Rádio 9 de Julho Am 1600 Khz e escreve semanalmente para o Mundo Lusíada Online. http://www.mundolusiada.com.br/COLUNAS/ml_coluna_170.htm
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